quinta-feira, 13 de março de 2008

Falemos da Páscoa


A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. O termo “Páscoa” vem do latim Pascae, na Grécia Antiga, este termo é encontrado como Paska, no hebraico com o termo Pessach ou Pessah ou Pesah que significa passagem.
Páscoa “Pessah” é uma celebração de origem semita, que significa “passagem”, que tem um referente muito concreto entre os judeus e também entre os cristãos. Coincidências de datas e de alguns elementos na simbologia judaico-cristã.

Alguns historiadores defendem a ideia de ser uma festa de passagem comemorada entre povos europeus há milhares de anos atrás. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do Inverno para a primavera, durante o mês de Março um período de extrema importância, pois iniciava-se uma época de abundância após o rigoroso Inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.

Entre a Cultura judaica, esta data assume um significado muito importante, pois marca o êxodo dosjudeus do Egipto e encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde liderados por Moisés, fugiram da escravidão do Egipto.
Nesta data, os judeus fazem e comem o Pão ázimo ou asmo, matzo (ídiche) matzá (hebraico), é um tipo de pão assado sem fermento, feito somente de farinha de trigo (ou de outros cereais como aveia, cevada e centeio) e água. A preparação da massa não deve exceder 18 minutos para garantir que a massa não fermente. De acordo com a tradição judaico-cristã, pão ázimo foi feito antes da fuga do Antigo Egipto, pois não houve tempo para esperar até a massa fermentar.
Para a cultura Cristã, esta data celebra a ressurreição de Jesus Cristo. “A Ressurreição de Jesus Cristo é a festa das festas, o centro ou ponto de referência de todas as celebrações. É a Páscoa do Senhor, a passagem do Senhor, o triunfo definitivo de Deus entre os homens”. O Cristianismo nasce da Páscoa, de uma Páscoa que se “transforma” ao longo de séculos. Sem Páscoa não haveria Cristianismo.

Entre os cristãos, a semana anterior à Páscoa é considerada como Semana Santa. Esta semana tem início no Domingo de Ramos que marca a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém.

Contudo a Páscoa não é uma celebração exclusivamente cristã e celebra-se de formas diferentes em todo o mundo com tradições diferentes.

Em Portugal de norte a sul esta celebração também difere de tradição. Por todo o país, na Páscoa vivem-se tradições ancestrais. Uma delas é a visita pascal, no norte de Portugal onde o sacerdote leva a cruz florida, “sinal de Cristo morto e ressuscitado”, às famílias. Durante o Domingo de Páscoa, na segunda-feira seguinte e no II Domingo de Páscoa, o sacerdote, na companhia do sacristão ou acólitos, visita os cristãos e dá-lhes a saudação da pascal: “A paz de Cristo Ressuscitado esteja convosco e habite nesta família”. Em troca “recebem o chamado «folar», que é um envelope com uma pequena lembrança”. No fundo são recebidos “como quem recebe um amigo em casa”.

No Alentejo não existe muita tradição e “passa à nossa margem” define-se como um cristianismo “especial” que na segunda-feira de Páscoa leva as “pessoas para o campo para comer o borrego”.

As diferentes vivências fazem com que, à mesa, surjam alguns alimentos típicos de cada região. É a Páscoa adaptada à realidade de cada região do País. No entanto, o espírito de partilha e comemoração da nova vida continua bem presente.
A tradição gastronómica desta época pascal adapta-se muito à realidade de cada região que aproveita as potencialidades e alimentos da zona para colocar na mesa nesta época festiva. O folar é ponto em comum, apesar de ganhar diferentes formas, diferentes sabores (salgado ou doce) e diferentes recheios. Mas, a essência da Páscoa é cumprida e o espírito que a envolve também. A partilha e a comemoração da vida continua simbolizada e festejada também à mesa dos portugueses. Continua, no entanto, a ser nas aldeias mais típicas do País que a tradição é vivida com mais fervor. As grandes cidades diluíram um pouco dessas tradições agarrando-se a amêndoas e ovos de chocolate.
Contudo o importante de tudo isto é partilhar este espírito pascal com a família.



Ivo M.
Alexandre A.

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