terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Tarde de Poesia

"Inferno de Amar"

Este inferno de amar como eu amo
Quem mo pôs aqui na alma, quem foi?
Esta chama que alenta e consome
Que é a vida e que a vida destrói
Como é que se veio atear?
Quando, ai quando, se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra o passado
A outra vida que dantes vivi
Foi um sonho talvez, foi um sonho
Em que paz tão serena o dormi
Oh que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim, despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei. Dava o sol tanta luz!
E meus olhos que ardentes os pus
Que fez ela? Eu que fiz? Não o sei
Mas nessa hora a viver comecei.

João Baptista Leitão de Almeida Garret, 1854

Dito por Otília Ferreira

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