Desde há muito, pensou-nos assim William Shakespeare: "A vida é um palco em que cada um é actor".
Se conhecêssemos a nossa máscara revelar-se-nos-ia o rosto. O que pensa e sente, acolhe e selecciona, sorri e entristece. Vemo-nos.
E um espelho ensina a arte suprema do fingimento. Do quotidiano ao esporádico, do trivial ao exigente, do que se quer ser ao que se é.
A Arte, criacção do Homem em exaltação, apresenta-se em símbolo. Por isso, dirigida ao secreto rosto em sobressaltado peito, partilha o gesto lindo de suster a máscara desde o seu inseparável aparente àa mão que permite o alongamento para observar.
Num duelo aprazível e cruel, movemo-nos sem outra morte que não seja o renascer pela verdade.
Otília Ferreira