terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Filhos Do Mar


Ao amanhecer os raios despontavam num amarahado, de vagas soltas, que traziam no seu regaço, no embalo das vagas mansas por agora, descançadas, a bom porto, os barcos da noite. O sol enrradiava, e tomava de sua conta, aquela imensidão, que se ia alargando, sufucando a sede, queimando a pele, ofuscando o olhar, que cegava aos que lhe queriam ver. Gaivotas esvoassavam, em atenta perseguição anónima, aos barcos como perdedoras, sedentas, esfaimadas pelo encanto, brilho da sardinha pescada, saltitante, de sofrimento fim. Num fim da tarde, o mar agredia os banhistas, que nele se queriam atrever banhar-se, intredito, ninguém lhe podia por o pé, com perigo de serem enrolados, sugados, nas vagas altas, arrastados ás profundezas, só os mais destemidos, aventureiros do mar, o ousavam desafiar-lhe a força. O sol que parecia em teimar deixar, a noite escurecida, assombrando o areal extenso vazio, engolido quase num todo. Pelo rompante da maré enchente, bravia que batia agreste nas rochas, no horizonte aberto da noite solitária, naquele bréu imenso, mar de negrume. Apenas alguns barcos, lhe faziam companhia, fiéis que lhe arriscavam, que teimavam aportar,e que nele se findavam em pequenos pirilampos saltitantes, que refletiam nas vagas escuras. Na imensidão daquele mar, que de longe tudo lhe era pequeno, a cidade que lhe aprochegava, parecia minguar,no negrume, e se findar naquela grandiosidade que não acabava, e os que nele se perdiam nas profundezas, infindáveis, de mistérios e lendas, perdiam o caminho de volta, o silêncio da noite interrompido, pelo choro daqueles que os buscavam, amavam.

O dia amanheceu, e o brilho do sol espreguiçava-se, por entre, o mar de tempero a sal, o areal povoado se encheu de calor, e o convite ao banhar das águas frias, regressava ao apelo, das águas mansas. Os barcos descansavam os cascos fustigados, da noite bravia e dolorosa, nas águas mansas, do dia. O dia claro buscava, as esperanças perdidas, na noite escura, ondulante bravia.


Mar de água salgada, porque deixas que em ti se percam, a vida dos teus homens, sonhadores, lutadores numa luta, em que tu és o mais forte e tenebroso, do que estes na faina , em que buscam o alimento, das tuas profundezas, para saciar a fome, que teimas em querer não deixar.Quando balanças os seus barcos, com a tua força feroz, e os engoles sem dó, nem piedade, nas tuas profundezs escuras, agrestes, onde abarcam num porto sem volta, os que voltam falam de ti, de lendas que os embarcam, nos teus braços traiçoeiros.



Por Maria José Marques





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