Estranhamente, o melhor filme que foi para o ar na madrugada do dia 25 de Abril deste ano não foi “Capitães de Abril”, nem foi nenhum filme a ver com a nossa revolução. Foi o filme francês “A Turma”, bastante recente, que fez furor quando saiu, mas que não pude ver na altura no cinema.
O filme é semi-documental, pois usa técnicas de improviso dos documentários, os actores são amadores, e estão a representar uma espécie de alter ego mais agressivo. É baseado na realidade pura e dura das escolas suburbanas francesas. Eu pensava que as escolas portuguesas eram más, mas comparadas com a que aparece no filme…
Se eu vos falar em “Mentes Perigosas” com Michelle Pfeiffer, vocês ficam com uma ideia de que realidades trata o filme. Mas aqui não é uma realidade americana – é uma realidade francesa, uma realidade europeia, em que os alunos complicados não são apenas os negros – são os negros, mais os árabes, mais os próprios brancos que são violentos e sem esperança num futuro.
A “Turma” é uma assustadora metáfora de uma Europa decadente, vítima da irresponsabilidade de governos sucessivos, que arruinaram a qualidade de vida das pessoas e a sua auto-suficiência, ao longo de várias décadas.
A impotência daquele professor é a impotência de todo o homem europeu, que se deixou levar por quimeras semeadas pelos governos nas mentes das pessoas – a quimera da igualdade e da fraternidade.
Por: Ricardo Martins
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