quarta-feira, 2 de maio de 2012

Obrigatoriedades


Não deixa de ser intrigante, com o passar dos anos, a sensação da inevitabilidade de comemorar de certas datas. Todos os anos temos que levar com o discurso do Presidente da República, de cravo na lapela, no 25 de Abril, e as televisões sentem-se na obrigação de darem horas intermináveis de emissão com documentários, reportagens, e entrevistas, mesmo que a data já não signifique grande coisa para a maioria dos portugueses.

Ora, esta "obrigação" de se comemorar o 25 de Abril faz-me lembrar alguns fundamentalismos como o do exigir-se das pessoas entrarem no espírito natalício, acumulando compras para pessoas que só vêem uma vez por ano, aturando a família com a qual mal têm conversas o resto dos meses. Também no dia de São Valentim exige-se que uma pessoa tenha namorado ou namorada, sendo (mais) uma maneira de fazer as pessoas sentirem-se mal se não aderirem, e de lembrar o quão miseráveis são e o quão indignas são de pisar a face da terra, caso não tenham companheiro/a.

Não consigo aprovar essas obrigações. Porque, na verdade, considero-as tema para encher chouriços para se evitar falar de assuntos mais importantes. Não sou contra as datas em si, sou sim contra a dimensão que a sociedade imprime nesses eventos, e o egoísmo em pensar que não haja ninguém que não queira comemorar.

Por: Ricardo Martins

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