terça-feira, 24 de maio de 2011

OS DIAS ADIADOS


Nunca saberemos, e nunca quereremos saber, que limites o nosso sofrimento tem.
Fica entre a morte ea vida
Entre o ódio e o amor
Da chegada é a partida
Da alegria é a dor.

Num doloroso esquecimento, sufocamos a tristeza, esbatemos o afecto. Só o corpo a doer nos vai falando a verdade.
Temor da funda saudade
Ensina a olhar a maré
Tão vaza da nossa idade
Tão cheia do que ela é.
Não há sonhos para os gestos que não virão. Aflige morrer na infância sem o dizer a ninguém.
Tempo breve dum olhar
Uma sombria razão
Dói à alma não chorar
Pouco há no coração
Falhámos, é um toque de mestre. Vivermos falhados, uma paradoxal esperança de salvação.


Por Otília Ferreira

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