segunda-feira, 19 de março de 2012
Para variar, Cinema Português
Florbela é um filme que foge ao estereótipo do que as pessoas associam a cinema português. Não é lento, é antes dramático; não é intelectual, pois pensa apenas no que vale a pena ser pensado, deixando o resto para o terreno das emoções.
E Florbela Espanca foi precisamente uma mulher de grandes emoções, com vida pessoal intensa e sofrida, acreditando-se que o amor da sua vida foi o próprio irmão, Apeles, sendo que a morte trágica do mesmo num acidente de aviação terá precipitado a morte de tristeza da poetisa com pouco mais de 30 anos.
A actriz Dalila Carmo incorpora de forma intensa Florbela, mostrando ao mesmo tempo um lado carnal que não é muito conhecido pelas pessoas. Albano Jerónimo e Ivo Canelas também dão prestações excelentes, como contrapontos na vida de Florbela, o marido e o irmão, respectivamente.
A coisa que me agradou mais pessoalmente foi que apesar de haver rigor histórico, tanto a nível de vestuários como de adereços, o filme não está sempre a exibir essa parafernália histórica, erro em que caem muitas séries e filmes televisivos, que fazem questão de nos lembrar qual é a época, quando o enredo muitas vezes é flácido.
Antes pelo contrário, Florbela é discreto no uso das referências de época. Tirando uma cena mais show off, como a do baile com o charleston a tocar como música de fundo, a abordagem do realizador é bastante subtil.
O Cinema Português tem razões para se orgulhar com a estreia desta película.
Por: Ricardo Martins
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