quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Balbuciando

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

                                                      As coisas tangíveis
                                                      tornam-se insensíveis
                                                      à palma da mão

                                                      Mas as coisas findas
                                                      muito mais que lindas,
                                                      essas ficarão.
 
                                                     Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Historias de Zeca Afonso



A obra musical de José Afonso era «tão complexa do ponto de vista poético como musical».«Talvez por não ter formação musical, a obra de José Afonso era bastante complexa, já que ela mudava de compasso a meio das cantigas e isso tornava tudo bastante difícil e especial»,
Viriato Teles




José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929 em Aveiro.
José Afonso foi um cantor de fados de Coimbra e também foi um cantor de intervenção e de música popular portuguesa.
Em 1981 é-lhe diagnosticada a doença que depois o viria a Matar-  Esclose lateral Amiotrófica. Em 29 de janeiro de 1983 teve que dar um concerto no coliseu dos recreios em lisboa para poder comprar os medicamentos que eram muito caros, e para ir para Paris fazer fisioterapia e Natação.
Deu Entrada no hospital de setúbal 21 de fevereiro ás 16:00 Horas com uma insuficiência cardiorrespiratória aguda e veio a morrer no dia 22 de fevereiro de 1987 ás 03.00 horas da Madrugado.
O funeral dá-se no dia 23 de fevereiro de 1987 às 16 horas n o cemitério de Setúbal. Ao funeral foram mais de 60,000 pessoas era uma terça-feira e chovia. Quem levantou a urna de José Afonso foi o José Mário Branco, o Sérgio Godinho, o fausto Bordalo Dias e o padre Fanhais (Francisco Fanhais)
 
 
por João Marques
 
 
 
para saber mais pode consultar estes links
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Afonso
http://www.aja.pt/biografia/
http://www.slideshare.net/complementoindirecto/jos-afonso-4418802

quarta-feira, 10 de abril de 2013

SEM NOME DE LUGAR


Entram lá mendigos pela calada da noite. Levam canções de silêncio. Uma companhia ébria, de ocasião.

Quantos estertores, quantos arrepios e quantos suores naquelas estreitas paredes já não se envolveram?
 
Meu amor de um dia ternura de espaço, tempo de um abraço a vida assim quis? Sol e maresia, alto céu azul, aves de ida ao sul, levam- te quem diz!

Por Otília Ferreira

quinta-feira, 21 de março de 2013

Um dia no ano


Uma amiga disse, de longe: "O Futuro é Hoje"!
 
Por seu lado, a Felicidade existe quando acontece.
 
Sonhei um dia com uma Árvore jovem, delicada e verde, à luz do sol, do outro lado dos vidros da janela de um quarto vazio. Percorri o corredor e cheguei à porta que abri à hora do pôr-do-sol. Lá fora, um homem jovem, reclinado, apenas apoiando a cabeça sobre a mão, dobrado o cotovelo sobre uma pedra. Contemplava, com imensa tristeza no rosto sereno. Olhei ao longe e vi a minha árvore: transformara-se. Um tronco largo, copa densa e estreita. Eu não tinha cuidado dela, nunca mais a visitara.
 
Escuro.
 
Tudo isto é Poesia e pode acontecer na Primavera. 

Por Otília Ferreira

As pessoas e o Cinema

Hoje é daqueles dias em que não vinha com nada planeado para escrever, mas o recordar do encerramento do cinema Londres leva-me a lamentar com tristeza o fecho de tantas salas da Castello Lopes, o que levará muito pessoal ao desemprego, e também trará menos alternativa na oferta de salas de cinema. O cinema Londres, por exemplo, tinha umas cadeiras muito diferentes das habituais, pois afundavam-se quando nos sentávamos, e ainda um bar/restaurante de grande qualidade, que normalmente estava sempre com muita gente, deduzo que também irá fechar.
 
Ao mesmo tempo, por maior que seja o nosso choque, acaba por ser um bocado previsível, pois a relação das pessoas com o grande ecrã mudou imenso nos últimos 10 anos. Se houve muitas previsões que o Cinema iria acabar quando surgiram os videoclubes há mais de 20 atrás, com a maior oferta de filmes nos sistemas de televisão por cabo, em que muitas vezes estão à distância de um clique, e com o aumento da pirataria derivado da maior disponibilidade de vários géneros de filmes online, esse vaticínio passou a ser uma realidade.
 
Ir ao cinema hoje em dia (se compararmos com há umas décadas atrás) é caro, um valor acrescido se vai a família inteira, e também dá mais trabalho do que a maior parte das pessoas estão dispostas a gastar. Há menos paciência para procurar um filme em sala. Toda a gente reclama pelos cinemas terem sido movidos em larga escala para o interior dos centros comerciais (ver mostruosidades como o Colombo, ou os Dolce Vita), mas o que é verdade é que isso ilustra a relação das pessoas com a Sétima Arte hoje em dia - Ver filmes é muita giro, mas o que a malta quer é ver montras.
 
Por: Ricardo Martins

quarta-feira, 13 de março de 2013

RADIOFONIA OU RADIOMANIA


Old Days Radio ListeningHabituei-me muito à Rádio. Quando comecei a ouvir preferia a música erudita; mesmo a alocução individual, por estranha que fosse e, no cume, "mesas redondas" em que se debatia temática com exigências de uma linguagem corrente cuidada, inteligível ao ouvinte atento e contemplativo. As diferenças entre quem falava e quem ouvia podiam ser até abissais. Nada retive a não ser programação e uma excelente explicação, a par de um texto intemporal mas sem tocar o lirismo. Nem sempre o longe era perto, num percurso de sentimentos tão diversos que captava todas as ondas e cada onda em si.
 


Por Otília Ferreira

Qualquer coisa de diferente...

The Master, ou em português O Mentor, é um filme que teve algumas nomeações para os Óscares, mas que por razões misteriosas foi injustamente ignorado na entrega final dos prémios, e é bem melhor do que muita coisa que por lá andou.

O filme narra a estória de um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial (Joaquin Phoenix), que se vê inadaptado à realidade da América do pós-guerra, saltando de emprego para emprego, entregue aos prazeres sexuais fortuitos e ao vício da bebida, mas cuja vida irá mudar drasticamente quando se cruza com o líder de uma seita religiosa (Philip Seymour Hoffman).

Muita gente interpretou o aparecimento da seita familiar no filme como uma crítica à Cientologia, mas aquilo poderá ser qualquer outra nova religião que tivesse aparecido, e são muitas as novas seitas que aparecem todos os anos naquele país.

É um filme com uma dimensão essencialmente espiritual, sem se filiar em nenhuma crença específica, mesmo valores como a amizade e a confiança surgem encenados de forma fascinante, apesar de por vezes a relação entre os personagens principais não ser muito pacífica, resultando em conflitos físicos.

Não é um filme fácil, mas recomenda-se muito. Brilhantemente dirigido por Paul Thomas Anderson, e com três interpretações bastante intensas - Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams - irá fazer-nos pensar muito em questões fundamentais da nossa vida.

Por: Ricardo Martins

quinta-feira, 7 de março de 2013

O DESGOSTO

É triste. Só me ocorre dizer que é triste. É quando se cai no tédio, vencida por um cansaço que não existe, prisioneira do tédio sem resistir às agressões, piores que ilusões - as invencíveis certezas de que ainda desconheço a fonte.
 
A dedicação, a aplicação, uma responsabilidade que, sendo afectiva se transforma em reconhecer Seres, Espaços e em criatividade possível, permitem-me regressar a mim de calma plena e a sós (de direito mas não de facto) com a Razão.
 
Talvez aprenda a integração na sociedade como vivo bem no mar uníssono da multidão.
 
Sentir em verdade que tenho um dever restitui-me a alma que eu julgava no rumo de perder-se, de vender-se, de esquecer o conhecimento e identificar o desacato interior poderoso da agressividade.
 
Sabedoria, Amizade que ora lembro ora esqueço, não quero cair no poço. Água apenas e Aprendizagem.

 

Por Otília Ferreira

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Grândola Vila Morena

Esta música foi feita para ser uma música banal como todas as outras para se ouvir e gostar, mas por obra do destino, esta música quebrou barreiras e foi muito para lá disso.

Grândola, Vila Morena foi composta como homenagem à "Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense", onde no dia 17 de Maio de 1964, José Afonso fez uma actuação.

A música de José Afonso ou “Zeca” Afonso foi gravada em 1971 mas foi em 1974 que ficou mundialmente conhecida, como sendo uma impulsionadora de uma das datas mais importantes da história mundial, a queda da mais longa ditadura vigente na europa.

Nas primeiras horas do dia 25 de Abril ouvia-se nas rádios esta canção, para as tropas que saíram dos quarteis horas antes, pudessem entrar em Lisboa para assim destituir o governo que ate ai governava ditatorialmente o país.

Mas esta musica sempre ficou no ouvido das pessoas quando alguma coisa não estava bem com o país e necessitavam de se expressarem contra aquilo que não gostavam.

E isso aconteceu, passados 39 anos, em 2013 o que prova que esta música é intemporal.

O descontentamento das pessoas para com o governo português, por causa da grande crise financeira fez com que esta música voltasse as gargantas já cansadas dos portugueses.

Quando em plena assembleia da república ouviu-se novamente a canção, foi o mote para ser cantada em todas as manifestações de desagrado onde estavam presentes políticos.

E acredito que esta música nunca mais vai ser esquecida e vai ser cantada muitas mais vezes .

Para conhecerem  mais aprofundamente esta canção siga estes links:

E para conhecer quando esta musica despertou o sentimento de revolta das pessoas em1974:

Por Ricardo Cóias

Iluminar é Reencontrar


Viste já, como eu vi, a luz que emana da noite da criação? Há uma asa e um elmo.

O elmo é um crivo selectivo – escolhe a cor e o som. A asa é de quem não sabes, mas que a memória guia para o teu ombro, o teu braço, a tua mão.

Entre a emoção e o segredo, revelam-se. Ouve os indícios, apercebe-te dos sinais. O teu pensamento, em gesto ou em palavra, inspira tudo e todos, também.

Por vezes, demoramo-nos no longe dos horizontes. Em outras, suportamos gentilmente o mundo e revestimo-lo com a renda do sonho, até ao invisível e ao sensível da Humana Criação.

Por Otília Ferreira

Nota: Este texto não se serve ainda de acordo ortográfico vigente.

Um grande homem


Lincoln é um filme histórico realizado por Steven Spielberg no ano passado e, ao contrário do que muitos esperavam, não trata a vida inteira do emblemático presidente americano, mas apenas do período final da Guerra da Secessão (ou Guerra Civil Americana) e da luta travada por ele para a aprovação da 13ª emenda. Esta visava declarar todos os homens iguais perante a lei, tantos brancos como negros, como tal abolindo a escravatura. Não apenas um gesto de grande humanidade da parte de Lincoln, mas também de uma grande astúcia, pois esta lei poria fim à sangrenta guerra que durava há 4 anos, uma vez que a economia dos estados do sul vivia muito à base do trabalho escravo.

O actor Daniel Day-Lewis, conhecido universalmente pelo seu rigor e dedicação à arte de representar, incorpora magistralmente o 16º presidente americano, tanto física como psicologicamente, tanto a nível de postura e maneirismos, como de estórias que se contam sobre ele. Com justeza ganhou o seu terceiro Óscar, sendo o único actor que o conseguiu fazer em toda a História do Cinema.

No elenco, encontramos também outros actores que não lhe ficam atrás - Sally Field faz da esposa sofredora, que nem sempre tinha um casamento fácil com tão carismática figura; David Strathairn é Seward, o Vice Presidente e braço direito; James Spader faz do angariador de votos, que tem direito a alguns momentos de humor; Joseph Gordon-Levitt como o filho mais velho, que se quer revoltar contra a autoridade do pai; e Tommy Lee Jones tem um papel extraordinário como Thaddeus Stevens, no mesmo lado da bancada de Lincoln, mas que o inveja e conspira contra ele, acabando por se juntar a ele, em nome de um Bem maior.

Apesar de haver gostado do filme, não o recomendaria a toda a gente, pois é algo longo e tem muitas cenas de diálogo, envolvendo intrigas políticas daquela altura.
Como tal, recomendá-lo-ia a quem aprecia filmes de época, ou a quem seja interessado na História dos EUA, ou se for admirador de algum dos actores.

Por: Ricardo Martins